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Logo da ISTOÉ e fotografia de Dilma Rousseff: Reprodução |
Primeiro, vamos à fonte do ouro. [Vai ser textão, mas um textão escrito com tanta dedicação, que vale a pena ler.]
Gaslighting: (segundo a Wikipédia), uma forma de abuso psicológico no qual informações são distorcidas, seletivamente omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade.
O termo surgiu do filme Gaslight (1944) quando um homem tenta enganar a esposa de que não alterou as luzes alimentadas por gás da casa, enquanto procurava um tesouro escondido no sótão. E para tentar convencê-la, utiliza os mais variados métodos, inclusive, alterando pequenas coisas no ambiente, fazendo sua esposa se questionar de sua própria consciência porque tem a mais límpida certeza de que o nível de iluminação na casa foi alterado.
Traduzindo isso para a situação cotidiana feminina:
1-Quando um namorado seu te chama de louca, e num "passe de mágica" você se sente errada por algo que você defendeu e se achava plenamente certa até ele acusar sua loucura, isso é gaslighting.
2- Quando você vive um relacionamento abusivo, e não se dá conta, porque até aquele momento ele é e sempre será o amor da sua vida, e quando você ousa questionar algo que te incomoda, ele começa a proferir a seguintes frases "amor, não exagera. Isso é paranoia sua, você tá ficando louca, nós estamos tão bem..." - ISSO É GASLIGHTING!
Resumo: O estereótipo da mulher histérica e da mulher louca, é gaslighting.
Dados alguns exemplos cotidianos, prossigamos.
O gaslighting na mídia tem sido algo tão comum e tão corriqueiro que passa despercebido a quem não faz uma análise crítica do que consome. Ou seja, analisar bem o tipo de informação que está recebendo.
Vamos tomar como exemplo, essa capa da revista ISTOÉ:
"AS EXPLOSÕES NERVOSAS DA PRESIDENTE"
"e perde (também) as condições emocionais de conduzir o país"
ISSO É GASLIGHTING! (e como diria um dos comentários do post desse vídeo no facebook: "aqui jaz o jornalismo")
Realmente desconstruíram toda a imagem da presidenta para uma louca, doida varrida que quebra móveis e grita com subordinados. A QUE PONTO A MÍDIA TENDENCIOSA CHEGA!
Gaslighting é uma cultura tão naturalizada, e a grande mídia faz questão de impulsionar isso.
E não acontece só com o Brasil, se pesquisarmos direitinho a Hillary Clinton, candidata a presidência dos EUA tem sido alvo preferido da mídia americana; A chanceler da Alemanha Angela Merkel, já foi retratada como um ciborgue em uma capa de revista; Christina Kirchner ex-presidente da Argentina, era hipersexualizada e retratada na mídia como "louca e vaidosa"; Michelle Obama é também um alvo em potencial nos Estados Unidos;
Veja mais sobre essas capas nesse post do Think Olga:
Não é mimimi. É sexismo. Quer uma prova?
Eduardo Cunha tem histórico de corrupção, contas na Suíça e afins...
Até agora, eu, Gabriele, não vi ninguém falar de Eduardo Cunha como se ele fosse louco, como se ele estivesse perdendo a linha na câmara quando acusaram ele.
Sérgio Moro tá brincando de esconde-mostra mostra-esconde, e não tô vendo ninguém falar da sanidade dele, enquanto ele joga na mídia áudios que não falam nada a se aproveitar sobre Dilma e Lula e esconde uma lista de corrupção na Odebrecht, onde não consta os nomes de Dilma Rousseff e Lula.
Vale lembrar que não sou petista, só gosto do que é certo.
Então acho que está claro que não é só contra Dilma essas acusações, ou só contra Hillary, contra Angela ou contra Christina. É contra a condição feminina. É contra o fato de ter uma mulher à frente de um país. É contra as mulheres.
E como essas revistas circulam feito água, natural que a cultura do gaslighting seja sempre fortalecida e incentivada a nível nacional/mundial.
A mídia elitista branca que criou o estereótipo da mulher negra irritada (o que também é gaslighting), é a mesma mídia que está cultivando uma geração machista fazendo a propagação do gaslighting ficar cada vez maior.
Ou seja, vamos combater isso para 'desnaturalizar' algo tão nocivo e deturpante à condição feminina, porque isso não ofende só elas, como a todas nós mulheres.
Não vamos nos calar, não vamos deixar passar, estamos juntas e não somos histéricas e muito menos loucas! Vamos em luta!
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